segunda-feira, 18 de julho de 2011

Segue a versão do Professor Gerard Fonseca sobre uma história passada com dois integrantes da turma, que parodiando as reportagens policiais "terão seus nomes preservados"

TU SIM QUE É MEU BRUXO

No inicio dos anos  90 o futsal de Caxias do Sul estava em plena força: clubes profissionais, competições e tudo mais. Esta história se passa num dos clubes tradicionais de nossa cidade. Na metade da temporada, um dos jogadores estava descontente, pois até aquele momento não tinha recebido nenhuma oportunidade para jogar, ainda que estivesse muito bem nos treinos. Quadro montado, depois de mais um dia, o atleta indignado passa no início da noite, na casa de um dos parceiros dos velhos tempos. A conversa inicial se encaminha para a desistência do nosso atleta das quadras, pois segundo ele o técnico não lhe dava nenhuma oportunidade.
– Aquele traíra do treinador não me coloca pra jogar. Tô arrebentando nos treinos. Todo mundo tá falando. Aquele m... tá contra mim. Traíra. Vou largar da bola.
– Tu não vai fazer isto. Desistir jamais. – diz o amigo.
– Mas o traíra não me dá chance! – retruca nosso atleta.
– Vamos sair para conversar. – Diz o amigo e companheiro de todas as horas.
Saem os dois para jantar e beber alguma coisinha, no bom e velho Ponto de Vista. (que saudades!) Afinal, o futsal como esporte de alta intensidade, desidrata o corpo rapidamente, levando a uma necessidade de reposição de líquidos por períodos prolongados.
Como não havia Lei Seca naquela época, a quantidade de bebida ingerida foi alta. Cabeça solta e ideias voando, lá pelas altas horas surge a ideia: (ou seria hábito?)
– Vamos dar uma olhadinha para refletir melhor. Afinal, tu não tá jogando mesmo. –Diz o amigo de sempre.
Assim, nossa dupla sai em busca das luzes para poder “iluminar as ideias”. Chegando ao local, rua com poucas vagas para estacionar, o amigo de todas as horas que estava de carro, ao tentar estacionar erra o cálculo e entra com a traseira do seu veículo na porta de um Fiat Uno vermelho, que estava estacionado.
Estrago feito, o porteiro da boate sai para olhar o que aconteceu, pois o barulho foi alto. Nossos amigos, esportistas de alto nível, tiveram uma reação rápida que foi:
– Vamo, vamo que batemos num carro. Deu m....
Dia seguinte, nosso atleta foi para o setor de fisioterapia do clube, para um tratamento de reabilitação (não alcoólica claro). Lá estava ele, deitado, com o massagista (naquela época, Fisioterapeuta era coisa rara) fazendo ultrassom, quando adentra o recinto o técnico da equipe. Isto mesmo. O traíra. Ele mesmo. O cara que não dava nenhuma chance para nosso atleta. Ele entra na sala e logo vai falando com o massagista, sem ao menos cumprimentar nosso atleta (e bruxo, diga-se de passagem).
– Pois titio, tu não acredita no que aconteceu comigo.
– O que nêgo?
– Ontem fui dar uma olhadinha e sabe o que me aconteceu?
– O que nêgo?
– Tava dando uma olhadinha nas luzes e na saída quando fui pegar meu carro, aquele Fiat Uno vermelho, que comprei há pouco tempo sabe? Aquele que eu tinha tanto carinho. Pois não é que ele tava com a porta toda batida!!! Que azar. Bateram nele e ninguém viu.
Nisso o nosso atleta que estava praticamente dormindo, arregalou os olhos e pensou:
– Era o carro do traíra. Chupa que é de uva, seu m.....
Logo, nosso atleta sai da fisioterapia e, ao chegar em casa, liga para o amigo de todas e horas e diz.
– TU É MEU BRUXO. TU SIM QUE É MEU BRUXO!!!!
O amigo sem entender nada fica ouvindo, quando o nosso atleta diz.

– Sabe aquele carro que a gente sem querer colocou a porta para dentro?

– Claro que lembro, pô! – respondeu ele.
– Pois era é o carro do traíra do treinador. Só posso te dizer uma coisa. TU SIM QUE É MEU BRUXO.

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