TU SIM QUE É MEU BRUXO
No inicio dos anos 90 o futsal de Caxias do Sul estava em plena força: clubes profissionais, competições e tudo mais. Esta história se passa num dos clubes tradicionais de nossa cidade. Na metade da temporada, um dos jogadores estava descontente, pois até aquele momento não tinha recebido nenhuma oportunidade para jogar, ainda que estivesse muito bem nos treinos. Quadro montado, depois de mais um dia, o atleta indignado passa no início da noite, na casa de um dos parceiros dos velhos tempos. A conversa inicial se encaminha para a desistência do nosso atleta das quadras, pois segundo ele o técnico não lhe dava nenhuma oportunidade.
– Aquele traíra do treinador não me coloca pra jogar. Tô arrebentando nos treinos. Todo mundo tá falando. Aquele m... tá contra mim. Traíra. Vou largar da bola.
– Tu não vai fazer isto. Desistir jamais. – diz o amigo.
– Mas o traíra não me dá chance! – retruca nosso atleta.
– Vamos sair para conversar. – Diz o amigo e companheiro de todas as horas.
Saem os dois para jantar e beber alguma coisinha, no bom e velho Ponto de Vista. (que saudades!) Afinal, o futsal como esporte de alta intensidade, desidrata o corpo rapidamente, levando a uma necessidade de reposição de líquidos por períodos prolongados.
Como não havia Lei Seca naquela época, a quantidade de bebida ingerida foi alta. Cabeça solta e ideias voando, lá pelas altas horas surge a ideia: (ou seria hábito?)
– Vamos dar uma olhadinha para refletir melhor. Afinal, tu não tá jogando mesmo. –Diz o amigo de sempre.
Assim, nossa dupla sai em busca das luzes para poder “iluminar as ideias”. Chegando ao local, rua com poucas vagas para estacionar, o amigo de todas as horas que estava de carro, ao tentar estacionar erra o cálculo e entra com a traseira do seu veículo na porta de um Fiat Uno vermelho, que estava estacionado.
Estrago feito, o porteiro da boate sai para olhar o que aconteceu, pois o barulho foi alto. Nossos amigos, esportistas de alto nível, tiveram uma reação rápida que foi:
– Vamo, vamo que batemos num carro. Deu m....
Dia seguinte, nosso atleta foi para o setor de fisioterapia do clube, para um tratamento de reabilitação (não alcoólica claro). Lá estava ele, deitado, com o massagista (naquela época, Fisioterapeuta era coisa rara) fazendo ultrassom, quando adentra o recinto o técnico da equipe. Isto mesmo. O traíra. Ele mesmo. O cara que não dava nenhuma chance para nosso atleta. Ele entra na sala e logo vai falando com o massagista, sem ao menos cumprimentar nosso atleta (e bruxo, diga-se de passagem).
– Pois titio, tu não acredita no que aconteceu comigo.
– O que nêgo?
– Ontem fui dar uma olhadinha e sabe o que me aconteceu?
– O que nêgo?
– Tava dando uma olhadinha nas luzes e na saída quando fui pegar meu carro, aquele Fiat Uno vermelho, que comprei há pouco tempo sabe? Aquele que eu tinha tanto carinho. Pois não é que ele tava com a porta toda batida!!! Que azar. Bateram nele e ninguém viu.
Nisso o nosso atleta que estava praticamente dormindo, arregalou os olhos e pensou:
– Era o carro do traíra. Chupa que é de uva, seu m.....
Logo, nosso atleta sai da fisioterapia e, ao chegar em casa, liga para o amigo de todas e horas e diz.
– TU É MEU BRUXO. TU SIM QUE É MEU BRUXO!!!!
O amigo sem entender nada fica ouvindo, quando o nosso atleta diz.
– Sabe aquele carro que a gente sem querer colocou a porta para dentro?
– Claro que lembro, pô! – respondeu ele.
– Pois era é o carro do traíra do treinador. Só posso te dizer uma coisa. TU SIM QUE É MEU BRUXO.
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E a meia nem era Lupo.
Início dos anos 90. A equipe de futsal da AABB de Caxias jogava uma comptição que hoje podemos considerar como a 2ª divisão do futsal do Rio Grande do Sul. O ginásio da AABB de Caxias inclusive foi batizado por um jornalista caxiense de “La bombonera”, numa alusão ao estádio do Boca e principalmente sua pressão ao adversário. Era uma quadra pequena e a torcida (não muito grande) ficava próxima aos adversários. A equipe não era ruim e contava com atletas de boa qualidade do futsal amador daquela época, Paulinho Bebias, Elvinho, Mauro Cachorão, Moranga (ou Bolacha, como queiram), “Pegueira” e um pivô, muito rápido. Bem vamos aos fatos! Jogo rolando e a equipe da AABB ganhando o jogo com uma pequena folga, principalmente pela sua marcação pressão, já que a quadra era pequena. Para o técnico naquele momento do jogo e como a vantagem no marcador, a opção foi de recuar a marcação para meia-quadra, explorando a qualidade de seu time e a velocidade do seu pivô. Ele era muito bom na parte defensiva, na capacidade de tirar os espaços “fechando o meio”, como se dizia naqueles tempos, antes de inventarem as quebras, quinas e outros nomes. Meus amigos, aquele pivô, conhecido por todos nós, tinha um ótimo tempo de antecipação, tanto que acabou jogando mais tarde na função de beque. O problema era o passe...mas isto já outra história. Voltemos ao jogo. O técnico resolve marcar meia-quadra, os alas recuam, mas o pivô continua adiantado. Trocam-se ataques e defensas e na marcação o pivô frequentemente avança para a pressão. Já cansado com isto, o técnico se irrita e começa a gritar: João (nome fictício, pois não vamos queimar o bruxo), João! É meia, é meia ( ou seja, é meia-quadra a marcação). Ao ouvir os brados do comandante, ele olha para o chefe, olha para a meia e puxa as duas para cima. O técnico, entre irritação e surpresa, grita mais uma vez: É meia-quadra po...E ele então finalmente entendeu e recua a marcação.
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Inaugurando o espaço, uma coluna(bola nas costas) de 1990 do Gera falando entre outras coisas do único goleiro até então(talvez continue sendo) a sofrer câimbra durante uma partida do campeonato citadino de Futsal. Aliás luzes(motivo da câimbra segundo o texto) parece ser um assunto que o autor da coluna domina a muito tempo e com propriedade, haja visto o episódio recente do gol e a coluna.
Acho que é o momento de iniciarmos algumas histórias com um certo ar de suspense, tramas, etc....algo como cartas e também fita de telex, que foi o primódio do MSN, de acordo com as primeiras descobertas.
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=i8WVjdPTFj4
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